quarta-feira, 13 de outubro de 2021

OS ARRANJOS NACIONAIS E O XADREZ DA SUCESSÃO NO CEARÁ

 

                                              Lula, Ciro e Bolsonaro. Foto: Divulgação


Vamos começar a conversa com um fato: no Brasil, a construção dos palanques estaduais sempre esteve a reboque dos arranjos nacionais para a sucessão presidencial. Com um outro ponto fora da curva, em uns Estados mais e em outros menos, essa é uma realidade observada desde a redemocratização.

2022 não será diferente, e o Ceará será um desses Estados nos quais os arranjos nacionais mais tenderão a influir na arrumação dos palanques, como já se observa nesse momento pela reação de setores do PT local ligados aos deputados(as) federais José Airton e Luiziane Lins as recentes declarações do presidenciável do PDT, o cearense Ciro Gomes: ao reforçar o rompimento com Lula e o PT, acusar o ex-presidente de ser responsável pela vitória de Bolsonaro e de ter conspirado pelo impeachment de Dilma, Gomes bota fogo no parquinho da quase aliança entre as duas siglas partidárias para a sucessão de Camilo Santana (PT), que é aliado tanto dos Fgs como do ex-presidente Lula.

Apesar da excepcional avaliação do governador Camilo Santana, não tem jogo definido no Ceará, já que o candidato de oposição, capitão Wagner, tem se mostrado bastante competitivo para o pleito do ano que se avizinha, bem como por outras variáveis importantes nesse xadrez, tais como uma possível candidatura nacional própria do PSDB, o que colocaria o senador Tasso Jereissati em um palanque equidistante do conflito; outro fato que merece atenção é o espaço a ser ocupado na política cearense pelo ex-senador Eunício Oliveira, um dos articuladores nacionais da candidatura de Lula.

De mais a mais, o fato é que uma hipotética candidatura própria do PT no Estado dividiria palanques do sertão a capital e poderia reproduzir pelas bandas de cá a tenção que envolve os eleitores de Lula e os de Ciro no Brasil (é possível reuni-los em torno de uma candidatura local, enquanto se alfinetam no palanque nacional?). Se isso acontecer, o capitão agradecerá, pois poderá fazer uma campanha propositiva enquanto petistas e pedetistas se digladiam por um lugar no segundo turno da disputa cearense (no atual cenário a candidatura de Wagner caminha para uma vaga no 2o turno com razoável probabilidade).

O diretório do PT do Ceará está se reunindo nesse momento, cabe-nos aguardar os encaminhamentos.

Os jogos de 22 estão apenas começando...

2 comentários:

  1. Creio que seja impossível uma candidatura própria do PT ao governo do Estado. O chamado campo democrático liderado pelo deputado guimaraes quer a manutenção da aliança com os Gomes aqui no Ceara.alianca essa que rendeu flores e espinhos ao Pt. Resta aguardar a movimentação do tabuleiro para ver onde se chega.

    ResponderExcluir
  2. O jogo está sendo jogado. A aliança ainda pode acontecer, mas “o preço” tende a ser inflacionado para a união local com a tensão nacional.

    ResponderExcluir