sábado, 14 de janeiro de 2023

ADEUS, LIXÃO!

Segundo estudiosos da sociologia moderna, vivemos a era da sociedade do consumo, marcada sobretudo pelo desperdício e pela descartabilidade de tudo. Do copo ao celular, do televisor a impressora, da roupa ao enlatado, tudo é fast-food, tudo é feito para durar pouco, para ser descartado imediatamente ou a curto prazo. Na lógica do consumo, diz-nos o já saudoso Zygmunt Bauman, nada é feito para durar. 
Diante dessa definição, um dos principais problemas a ser enfrentado pela sociedade atual é o destino das toneladas de lixo produzido diariamente. O século XXI começou justamente com o debate da sustentabilidade na ordem do dia, o que envolve para além da questão ambiental, elementos relacionados a economia, a saúde e a dignidade da pessoa humana, tudo isso condensado no famoso conceito de bem-estar social, ou welfare state, como diriam os europeus da segunda metade do século XX. 
Como todo debate social, há muitas ideias, discordâncias e embates, mas também há consensos, há pontos sobre os quais todos concordam, e um deles é a impropriedade do que conhecemos por lixão, espaços inapropriados para os quais o poder público encaminha o lixo recolhido no dia. Lixões são ambientes inóspitos e insalubres, gerando problemas na saúde pública, provocando poluição ambiental, contaminando o solo e criando situações de exposição de indivíduos a condições de subtrabalho incompatíveis com os níveis desejáveis de dignidade humana. Governos modernos de cidades socio-ambientalmente responsáveis trataram desde o início do século de viabilizar a substituição dos lixões, símbolos do passado, pelos aterros sanitários, marcas do futuro. 
Essa certamente não é uma operação simples, pois além de construção de projetos, viabilização de espaços e grande investimento público, o fechamento de lixões depende, essencialmente, de vontade política. Para cidades históricas com potencial turístico, principalmente o turismo cultural e ambiental, a existência de lixões é um entrave ao financiamento dos órgãos públicos federais e estaduais de fomento, bem como um empecilho a atração de visitantes, sendo uma mancha na imagem da cidade. 
A Barbalha, como salta aos olhos, se encaixa justamente nesse caso, já que, sendo uma cidade histórica, turística e cultural, não comportava mais um lixão na beira da estrada que leva a um dos seus principais pontos de visitação, que é a vila do Caldas, onde se encontram o Balneário, o teleférico, restaurantes com o cardápio da culinária típica do pé-de-serra e vários outros atrativos de entretenimento no seu entorno. 
Para além da saúde pública, da questão ambiental e da dignidade humana, o fim do lixão traz também a expectativa da potencialização do turismo e, com ele, do aquecimento da economia com a consequente oferta de mais emprego e mais renda para a população. 
Ao lado da estátua de Santo Antônio, da requalificação das ruas do centro histórico, da construção da nova rodoviária e do novo mercado, o fim do velho e arcaico lixão é símbolo de uma nova cidade que está em gestação. 
O século XXI começou há mais de 20, a lei dos resíduos sólidos já existe há mais de 10. Ou seja: uma demanda de 20 anos foi resolvida nos dois primeiros anos da nova gestão. Viva a Barbalha!