O
conhecimento comum, popular, ou senso comum, como denominado nos estudos
acadêmicos para distinguir do chamado conhecimento científico, é formado, em
grande medida, pelas opiniões.
Mas,
o que são e de onde surgem as opiniões?
Essa
é uma questão que pode ser debatida a partir de perspectivas diversas, vamos traçar
nessas linhas apenas um caminho dentre os possíveis para o debate.
Pois
bem, partimos aqui da ideia de que as opiniões são resultado de
histórias de vida, experiências, sentimentos, crenças, mas, sobretudo, do que
se lê, do que se estuda e debate com gente que estuda as áreas dos assuntos que nos
interessam.
É
resultado também dos filmes que assistimos, das músicas que escutamos, das páginas
e grupos das redes sociais que seguimos, dos poetas que gostamos, dos programas
de televisão que preferimos... enfim: opiniões são o produto sintético do que
absorvemos na experiência da vida que levamos a partir das escolhas que
fazemos.
Em
sociedades plurais, com grande diversidade e multiculturalidade, como o Brasil,
é comum e salutar que haja também um campo de opiniões bem diversificada, mas
isso não anula (pelo contrário, reforça!)
a atenção e o cuidado que devemos ter para percebermos e distinguirmos o
deliberadamente falso e as distorções de entendimento no vasto universo
opinativo.
Impera
nas redes sociais, por exemplo, a divulgação de boatos, fofocas e notícias
falsas ou descontextualizadas que se tornam virais, são amplamente curtidas e
compartilhadas sem qualquer verificação da sua veracidade. Não é à toa que o
respeitado Dicionário da Universidade de Oxford elegeu como palavra do ano em
2016 o verbete pós-verdade, significando, grosso modo, a disposição de
aceitarmos afirmações como verdadeiras mais em razão das nossas crenças e
desejos do que dos fatos objetivos observáveis na realidade circundante (A pós-verdade e as suas consequências serão
objeto de um outro artigo, dada a sua complexidade). O que nos importa mais
diretamente nesse momento é sugerir que: quanto mais a opinião se forma a
partir dessas fontes, mais desconectada da realidade estará e mais passivo de
ser manipulado ficará o seu emissor.
Nos
dias atuais, quem não tem domínio da informação e do conhecimento é instrumento
de manipulação e dominação de quem o tem!
Portanto,
no debate sério das ideias e opiniões é preciso buscar um campo de equilíbrio
entre o relativismo extremado (todas as opiniões estão certas) e o dogmatismo
sectário (só há uma opinião certa), colocando sempre no centro o ponto
crucial da questão: quanto mais as fontes das informações e conhecimento que orientam a
formação das opiniões sobre determinado tema são de origem não confiável ou de
autor não dedicado ao estudo do assunto, mais distante da realidade tende a
está a opinião.
As
opiniões, ao fim e ao cabo, são frutos do engenho da razão com pitadas de
crenças, desejos e emoções; é o resultado da nossa capacidade de observar e
refletir sobre os fatos mais sensíveis na vida cotidiana e, também, sobre nós
mesmos. É
verdade que não há conhecimento consistente formado apenas por opiniões, mas, sem
dúvida, elas são um termômetro, refletem o estágio do conhecimento de quem as emite sobre o assunto
opinado.
Por
fim, opiniões podem revelar conhecimento, bom senso e tolerância, mas também o
exato oposto disso.
São cartões de visita que nos apresentam socialmente aos nossos interlocutores,
exteriorizam a forma como enxergamos o mundo, os valores que defendemos e os
pensamentos que cultivamos.
E você, o que pensa sobre
isso, qual a sua opinião?
Isaac Luna
*Imagem ilustrativa capturada em: https://opinioesemsintoniapirata.files.wordpress.com/2014/06/opinic3a3o.jpg
Professor Isaac, entendi, muito bom. Nessa mesma linha, que tem gerado bastante polêmica, temos o caso da eleição do presidente Trump, que está sendo investigado por ter com ajuda dos Russos, "plantado" noticias de fontes duvidosas, as chamadas fake news. Estamos realmente ameaçados, essa eleição de 2018 poderemos também ser atingidos, (Matéria do Fantástico 25/02/2018).
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