quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

ENTRE FATOS E BOATOS: QUAL É A FONTE DAS NOSSAS OPINIÕES?


O conhecimento comum, popular, ou senso comum, como denominado nos estudos acadêmicos para distinguir do chamado conhecimento científico, é formado, em grande medida, pelas opiniões.

Mas, o que são e de onde surgem as opiniões?

Essa é uma questão que pode ser debatida a partir de perspectivas diversas, vamos traçar nessas linhas apenas um caminho dentre os possíveis para o debate.

Pois bem, partimos aqui da ideia de que as opiniões são resultado de histórias de vida, experiências, sentimentos, crenças, mas, sobretudo, do que se lê, do que se estuda e debate com gente que estuda as  áreas dos assuntos que nos interessam.

É resultado também dos filmes que assistimos, das músicas que escutamos, das páginas e grupos das redes sociais que seguimos, dos poetas que gostamos, dos programas de televisão que preferimos... enfim: opiniões são o produto sintético do que absorvemos na experiência da vida que levamos a partir das escolhas que fazemos.

Em sociedades plurais, com grande diversidade e multiculturalidade, como o Brasil, é comum e salutar que haja também um campo de opiniões bem diversificada, mas isso não anula (pelo contrário, reforça!) a atenção e o cuidado que devemos ter para percebermos e distinguirmos o deliberadamente falso e as distorções de entendimento no vasto universo opinativo.

Impera nas redes sociais, por exemplo, a divulgação de boatos, fofocas e notícias falsas ou descontextualizadas que se tornam virais, são amplamente curtidas e compartilhadas sem qualquer verificação da sua veracidade. Não é à toa que o respeitado Dicionário da Universidade de Oxford elegeu como palavra do ano em 2016 o verbete pós-verdade, significando, grosso modo, a disposição de aceitarmos afirmações como verdadeiras mais em razão das nossas crenças e desejos do que dos fatos objetivos observáveis na realidade circundante (A pós-verdade e as suas consequências serão objeto de um outro artigo, dada a sua complexidade). O que nos importa mais diretamente nesse momento é sugerir que: quanto mais a opinião se forma a partir dessas fontes, mais desconectada da realidade estará e mais passivo de ser manipulado ficará o seu emissor. 

Nos dias atuais, quem não tem domínio da informação e do conhecimento é instrumento de manipulação e dominação de quem o tem!

Portanto, no debate sério das ideias e opiniões é preciso buscar um campo de equilíbrio entre o relativismo extremado (todas as opiniões estão certas) e o dogmatismo sectário (só há uma opinião certa), colocando sempre no centro o ponto crucial da questão: quanto mais as fontes das informações e conhecimento que orientam a formação das opiniões sobre determinado tema são de origem não confiável ou de autor não dedicado ao estudo do assunto, mais distante da realidade tende a está a opinião. 

As opiniões, ao fim e ao cabo, são frutos do engenho da razão com pitadas de crenças, desejos e emoções; é o resultado da nossa capacidade de observar e refletir sobre os fatos mais sensíveis na vida cotidiana e, também, sobre nós mesmos. É verdade que não há conhecimento consistente formado apenas por opiniões, mas, sem dúvida, elas são um termômetro, refletem o estágio do conhecimento de quem as emite sobre o assunto opinado.

Por fim, opiniões podem revelar conhecimento, bom senso e tolerância, mas também o exato oposto disso. São cartões de visita que nos apresentam socialmente aos nossos interlocutores, exteriorizam a forma como enxergamos o mundo, os valores que defendemos e os pensamentos que cultivamos.

E você, o que pensa sobre isso, qual a sua opinião?
Isaac Luna


*Imagem ilustrativa capturada em: https://opinioesemsintoniapirata.files.wordpress.com/2014/06/opinic3a3o.jpg


Um comentário:

  1. Professor Isaac, entendi, muito bom. Nessa mesma linha, que tem gerado bastante polêmica, temos o caso da eleição do presidente Trump, que está sendo investigado por ter com ajuda dos Russos, "plantado" noticias de fontes duvidosas, as chamadas fake news. Estamos realmente ameaçados, essa eleição de 2018 poderemos também ser atingidos, (Matéria do Fantástico 25/02/2018).

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