sábado, 11 de fevereiro de 2017

119 ANOS DE BERTOLT BRECHT: O ANALFABETO POLÍTICO E OUTROS ESCRITOS

Vivo como está, Brecht completa na data de hoje 119 anos. Nasceu em Augsburg, na Alemanha, em 10 de ferreiro de 1898 e, quando deixou a existência física do corpo em 14 de agosto de 1956, aos 58 anos, já havia tornando-se imortal pela sua obra na poesia, no teatro e na música.

Forte crítico do movimento nazista que ganhava força na Alemanha e prometia a volta dos tempos de glória do Sacro Império Romano-Germânico, Brecht teve que deixar o seu país com a ascensão de Hitler ao poder em 1933, quando passou a ser persona non grata pelos nazistas. 

Observando a hipocrisia das defesas do autoritarismo e ataques aos setores que resistiam a opressão, feitas por interesses pessoais de muitas figuras da sociedade, disse o crítico: "Quem não conhece a verdade não passa de um tolo; mas quem a conhece e a chama de mentira é um criminoso!". E, nesse contexto de perseguição e criminalização dos que denunciavam o regime, dos operários massacrados e dos jovens perseguidos que resistiam, falou o poeta: “Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram”, arrematando genialmente: “Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem”.

Claro que, como a genialidade tem sempre uma pitada de ácida ironia, vendo como se comportavam os tribunais do regime, a subserviência dos magistrados ao poder central, alfinetou cirurgicamente: “Alguns juízes são absolutamente incorruptíveis. Ninguém consegue induzi-los a fazer justiça”.

Se fossemos colocar por aqui, mesmo que apenas os mais geniais poemas e crônicas de Brecht o post se tornaria quase um livro, então, para terminar, escolhemos o seu poema talvez mais conhecido e com o qual sempre começamos o nosso curso de História do Pensamento Político na universidade. Trata-se do famosíssimo e, para o bem ou para o mal, atualíssimo... Parabéns, poeta!

O Analfabeto Político

O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

(Bertold Brecht)

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