Vivo
como está, Brecht completa na data de hoje 119 anos. Nasceu em Augsburg, na
Alemanha, em 10 de ferreiro de 1898 e, quando deixou a existência física do
corpo em 14 de agosto de 1956, aos 58 anos, já havia tornando-se imortal pela
sua obra na poesia, no teatro e na música.
Forte
crítico do movimento nazista que ganhava força na Alemanha e prometia a volta
dos tempos de glória do Sacro Império Romano-Germânico, Brecht teve que deixar
o seu país com a ascensão de Hitler ao poder em 1933, quando passou a ser persona
non grata pelos nazistas.
Observando a hipocrisia das defesas do autoritarismo
e ataques aos setores que resistiam a opressão, feitas por interesses pessoais
de muitas figuras da sociedade, disse o crítico: "Quem não conhece a verdade não passa de um tolo; mas quem a
conhece e a chama de mentira é um criminoso!". E, nesse contexto de
perseguição e criminalização dos que denunciavam o regime, dos operários
massacrados e dos jovens perseguidos que resistiam, falou o poeta: “Para quem
tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível:
eles já comeram”, arrematando genialmente: “Do rio que tudo arrasta, diz-se que
é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem”.
Claro
que, como a genialidade tem sempre uma pitada de ácida ironia, vendo como se
comportavam os tribunais do regime, a subserviência dos magistrados ao poder
central, alfinetou cirurgicamente: “Alguns juízes são absolutamente
incorruptíveis. Ninguém consegue induzi-los a fazer justiça”.
Se
fossemos colocar por aqui, mesmo que apenas os mais geniais poemas e crônicas
de Brecht o post se tornaria quase um livro, então, para terminar, escolhemos
o seu poema talvez mais conhecido e com o qual sempre começamos o nosso curso
de História do Pensamento Político na universidade. Trata-se do famosíssimo e,
para o bem ou para o mal, atualíssimo... Parabéns, poeta!
O Analfabeto Político
O pior
analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe
que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto
político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o
imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.
(Bertold
Brecht)
Nenhum comentário:
Postar um comentário